16 de agosto de 2010

O Tempo das Bicicletas - A Voz da Serra




Despertou-me muito interesse o artigo publicado em A Voz da Serra, em 27/07/2010, intitulado "O Tempo das Bicicletas", de autoria de Dalva Ventura.

Lembro-me bem da bicicleta Raleigh que meu pai possuia no início dos anos sessenta. Lembro-me que um dínamo engenhoso, alimentado a simples pedaladas, era o responsável pela luz do farol. Outros veículos vieram para substituir a Raleigh, mas são seus metais que ainda brilham em minha memória.

A história do meu sogro, que se valia da bicicleta, uns minutos após a saída do filho adolescente para a escola, percorrendo um curto trajeto até a praça Marcílio Dias para verificar qual esquina o mesmo havia dobrado: a da escola ou a da cabulação.

Leio o relato do professor Hideo Kato na revista Revendo (ed. comemorativa do cinquentenário do Colégio Cêfel), publicada em junho de 1996:  

"Saíamos das salas, depois de terminarem as aulas, Cláudio Costa, Hermano Fontão e eu. Como três adolescentes, pedalando nossas bicicletas, cortávamos as ruas da cidade mesmo em tempos de frio. A cerração cobrindo as luzes dos postes dava a Friburgo um aspecto fantasmagórico. Parecia que atravessávamos um deserto. Não havia nenhum movimento! Somente os ricos andavam de carro. Os ventos castigavam impiedosamente os nossos rostos.
Muitas vezes, parávamos no bar do Cigano (irmão  do Chilo) no Paissandu, para tomar cafezinho. Aí, batíamos o papo derradeiro da noite.
Ah! Que tempo maravilhoso aquele! Embora me sentisse cansado por ter dado quinze aulas, desde a manhã, tinha a sensação de ter cumprido o dever do dia."

Quando hoje temos um trânsito complicado, estressante, agressivo, é interessante uma reflexão sobre tempos tão distintos. É interessante um  mergulho sobre o passado resgatando fatos, experiências e vivências. Quem
sabe não encontramos o desvio que nos trouxe à complexidade dos momentos atuais.

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